Nesses últimos dias, coisas divertidas têm me vindo à cabeça aparentemente sem razão alguma.
Me pego rindo sozinha por pensar em palavras como "fronha" e vendo as versões sem acentos criadas pelo celular. Rolei de rir com "pacoca", "pacoquinha" e a idéia de comer uma "maca". Bobagens que deixam a vida mais divertida.
Outras vezes percebo que pensamentos sobre as pequenas coisinhas que me fazem feliz correm em minha mente. Normalmente como um pano de fundo dos pensamentos mais imediatos e práticos de ter que escrever páginas e páginas, ler textos e mais textos e enlouquecer entrando noite a dentro para cumprir prazos. O fato é que estão lá. E me vejo sorrindo ao pensar na mania da Sophia de entrar embaixo do edredom pra dormir coladinha em mim assim que vou pra cama, no ronquinho do Petruchio e suas espreguiçadas no meio do sono, na recepção calorosa dos dois sempre que chego em casa, no passarinho vermelho que às vezes visita o pátio, na família de esquilos que todos os dias dá o ar da graça, nos bordados que estão quase prontos, nas sementes plantadas há algum tempo e que estão brotando nos vasos, na dança do Cainho escutando rock, no jeitinho meio tímido e educado da Bruninha e da Camila nos vídeos que a Ju posta, no sorriso do Dudu, no carinho da Luisa... Sorrio com dias chuvosos e nublados que trazem cheiro de terra molhada, com a neve que aparece mesmo durante a primavera, com as mudanças na paisagem da cidade conforme passam as estações, com os varais coloridos de roupa nos quintais...
Sonhos com trilha sonora também são uma boa novidade. As músicas do a-ha ou a carreira solo do Morten sempre me fazem sentir o coração quente e o sorriso brotar no rosto. Acordar com elas na cabeça, então, é certeza de começar o dia bem. Nunca tinha vivido sonhos "musicais" e tenho achado interessante. A-ha, Sting, Bon Jovi, Rolling Stones, No Doubt, Billy Joel, etc têm sido companhias matinais incríveis.
Porque essas coisas têm acontecido, não sei. Talvez essa tenha sido a forma que meu cérebro achou pra relaxar durante essas últimas semanas do semestre. Se foi essa a razão ou não, impossível saber, mas que tem sido divertido, isso tem.
sábado, 19 de abril de 2014
domingo, 22 de dezembro de 2013
Natal

Falem o que quiserem, mas eu adoro tradições natalinas. Decorações se espalhando por cada canto da casa, cardápio especial e a felicidade de montar o pinheirinho. Sim, eu adoro tudo isso!
Quando criança os natais eram na casa da vovó, no sul do Brasil. Pra mim era mais que Natal, era mágico. O pinheiro montado no cantinho da sala parecia o maior e mais lindo que existia! E, embora não tivéssemos aquela ceia tradicional, ainda assim o cardápio da noite era diferenciado. Delícias que eram feitas para aquela ocasião se espalhavam pela mesa. Era tão bom ver o rosto do meu vovô iluminado pelas velinhas no pinheiro e pelo amor que sentia pelas mulheres da sua vida: minha avó, mãe, tia, e nós, as quatro netas. Era um dia especial, brincávamos na rua com as outras crianças da vizinhança, dia de dormir tarde (ou ao menos, mais tarde que o normal), de expectativa pelos pacotinhos lindamente embrulhados que nos aguardavam. Nem o calor das noites de verão rio grandenses atrapalhava a magia daquela que era, pra mim, a melhor noite do ano.

A vida inteira sonhei que um dia teria minha casa inteira decorada, como em filmes, e, se possível, neve do lado de fora da janela. Sim, sempre sonhei com Natal de filmes. Esse ano passarei o primeiro Natal branco da minha vida. Bem branco! Na sacada do quarto tem mais de 60cm de neve e, mesmo que não caia mais até dia 24, também não irá
derreter, ou seja, o Natal será branquinho, branquinho. A casa ainda não está totalmente decorada como nos meus sonhos, não por falta de vontade... mas o cantinho do pinheiro está ali, me fazendo sorrir. Aliás, no dia que saí pra buscar um pinheirinho, voltava pra casa trazendo no carrinho aquela arvorezinha viva quando começou a nevar. Um sorriso se abriu no meu rosto. Não sei nem explicar a satisfação de estar carregando o maior símbolo do Natal (ao menos pra mim) sob a neve. Parecia que fazia todo o sentido do mundo!
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Ceia especial nem que seja pra um. |
Sei que pode parecer bobagem pra muita gente, mas cada um tem seus sonhos e a importância deles é pessoal. O meu sonho de Natal ainda é calorzinho dentro de casa, com muitos sorrisos e abraços sem pressa, uma festa que entre noite adentro, uma mesa cheia de guloseimas especiais feitas para um dia especial, casa inteiramente enfeitada, pinheirão decorado e o mundo branquinho lá fora.
domingo, 15 de dezembro de 2013
Preparando para o inverno
Vindo de um país tropical, não tinha a mínima idéia de como as pessoas se preparam para o inverno. Como todos sabem, passei um ano em Berlim, cidade que dizem ter um inverno rigoroso para os padrões tropicais. Mas por lá a estação foi menos intensa e, definitivamente, menos branca.
Algumas semanas atrás comecei a notar diferenças na paisagem de Montreal. Eram as pessoas se preparando para a neve que, inevitavelmente, chegaria em algum momento. Não presenciei isso em Berlim. Talvez porque a incidência de neve ser menor, mas o fato é que a única diferença que vi por lá foi o pessoal trocando os pneus por pneus de inverno, e fontes serem cobertas por tapumes de madeira. Aqui em Montreal é diferente.
Moro numa região bem residencial com muitas casas e prédios com apenas três apartamentos. Talvez por isso tenha sido mais fácil observar o comportamento das pessoas durante a mudança do verão para o outono e, agora, para o inverno.
Um dia, caminhando pela rua, percebi que uma casa tinha um toldo branco saindo da garagem. Achei estranho. No fim de semana seguinte, quase todas as casas e prédios tinham esses mesmos toldos. E o mais engraçado são os apartamentos subterrâneos: a entrada do apartamento é cercada de toldo por todos os lados e parece que se está entrando em um cenário de filmes como "Epidemia". Plantas são protegidas, escadas ganham piso de borracha, corrimãos e pisos das varandas são trocados e, onde antes não existiam, colocados.
Quando a neve finalmente aparece, percebe-se outras coisas. Nos prédios, cada um é responsável pela remoção da neve na sua sacada e, nas áreas comuns, o encarregado pelo edifício. Nas casa, claro, cada um lida com a neve como bem entende. Em frente à janela do meu quarto tem uma casinha linda onde mora um casal de velhinhos. Todo dia que neva, um carro vermelho chega por volta das 9:00, e de dentro sai um homem armado de pá, vassoura e um tipo de carrinho de mão feito especialmente para neve. Ele limpa a entrada da casa, o caminho até a calçada, a garagem, sacode o toldo sobre o carro, e limpa a saída da garagem até a rua. Depois, entra no carro e vai embora.
Nunca o vi conversando com os donos da casa, acho que deve ser uma pessoa contratada para fazer esse serviço pra quem já cansou de fazê-lo por anos a fio.
Até agora não vi diferença no comportamento dos montrealenses simplesmente porque a estação mudou, como acontece em Berlim. Por aqui, não existe bipolaridade sazonal. Continuo vendo sorrisos pela rua, pessoas felizes arrumando jardins, portas e janelas para o Natal e crianças se atirando em todo e qualquer morrinho de neve que aparece no caminho. Vizinhos se cumprimentam, brincam, dão gargalhadas e dividem café enquanto retiram a neve da frente de suas casas. Na rua, pedestres se entreolham e riem uns para os outros pelo fato de estarem só com o rosto descoberto. Desconhecidos passam e falam com um sorriso no rosto: "froid, huh?". E eu? Simplesmente amando tudo isso.
Algumas semanas atrás comecei a notar diferenças na paisagem de Montreal. Eram as pessoas se preparando para a neve que, inevitavelmente, chegaria em algum momento. Não presenciei isso em Berlim. Talvez porque a incidência de neve ser menor, mas o fato é que a única diferença que vi por lá foi o pessoal trocando os pneus por pneus de inverno, e fontes serem cobertas por tapumes de madeira. Aqui em Montreal é diferente.


Um dia, caminhando pela rua, percebi que uma casa tinha um toldo branco saindo da garagem. Achei estranho. No fim de semana seguinte, quase todas as casas e prédios tinham esses mesmos toldos. E o mais engraçado são os apartamentos subterrâneos: a entrada do apartamento é cercada de toldo por todos os lados e parece que se está entrando em um cenário de filmes como "Epidemia". Plantas são protegidas, escadas ganham piso de borracha, corrimãos e pisos das varandas são trocados e, onde antes não existiam, colocados.


Até agora não vi diferença no comportamento dos montrealenses simplesmente porque a estação mudou, como acontece em Berlim. Por aqui, não existe bipolaridade sazonal. Continuo vendo sorrisos pela rua, pessoas felizes arrumando jardins, portas e janelas para o Natal e crianças se atirando em todo e qualquer morrinho de neve que aparece no caminho. Vizinhos se cumprimentam, brincam, dão gargalhadas e dividem café enquanto retiram a neve da frente de suas casas. Na rua, pedestres se entreolham e riem uns para os outros pelo fato de estarem só com o rosto descoberto. Desconhecidos passam e falam com um sorriso no rosto: "froid, huh?". E eu? Simplesmente amando tudo isso.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Sentindo
Engraçado prestar atenção nos caminhos que a vida faz. Como algo que começou de coração aberto e pronto pra uma vida diferente se transforma em algo que fecha esse mesmo coração. E, aquilo que abriria os campos da vida social, é a mesma coisa que a trava. Não sei. Sei que gosto de estar aqui. Não sei pra onde a vida irá me levar e estou tentando tomar as rédeas dela nas minhas mãos. Não posso dizer que sou do tipo que vai com o vento, pois sou do tipo que vai com o coração. Não, nunca me arrependi de ir com ele. Mas depois de um ano e dois meses, algo que começou como uma aventura se tornou um retiro espiritual. Gostaria que esse "retiro" se retirasse, pois a saudade de um convívio social bate à porta. Sinto falta de conversas ao vivo, regadas a um café quentinho, risadas e a companhia de pessoas queridas. Sinto falta de abraços apertados e sinceros, como só amigos sabem dar. Sinto falta de olhares de cumplicidade, de piadas internas, de letras de musicais cantadas a altos brados e acompanhadas de gargalhadas. Sinto falta.
Me sinto fechada. Sei que o passado passou e que as coisas são como são. Lugar novo, vida nova. Aguardo, anseio e vou seguindo a vida da melhor forma possível. Agora... como se faz pra abrir o coração de volta pro mundo?
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Montreal ou Como sobreviver sem desodorante roll-on
Depois de morar um ano em Berlim e mudar, novamente, para um lugar desconhecido, com outra cultura e outra língua, a comparação tornou-se inevitável. Sei que cada cidade tem sua própria história, seu próprio contexto mas, ainda assim, me senti compelida e expressar tais comparações.
Embora Montreal possua latitude mais ao sul (45°30'N) do que Berlim (52°31'N), a média de temperatura é mais baixa. Talvez isso se deva por Montreal ser uma ilha no meio do rio São Lourenço. Além do mais, Berlim tem umidade relativamente baixa e Montreal, ao contrário, é úmida, fazendo com que a sensação térmica seja, durante o verão, maior, e durante o inverno, menor do que a temperatura oficial. Mas questões climáticas e geográficas não são tão importantes nesse momento. O que me interessa mesmo é falar um pouco sobre minha experiência até agora.

Montreal é uma cidade muito interessante, com bairros que diferem completamente um do outro ao ponto de se pensar que poderiam ser cidades diferentes. Onde moro, por exemplo, o bairro é residencial, cheio de casinhas e prédios como o meu: com dois andares e subterrâneo, onde cada andar é um apartamento (ou dois no segundo andar).
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Foto: http://www.utexas.edu |
Já o bairro mais conhecido da cidade, o Plateau Mont-Royal, é caracterizado pelos prédios baixos com acesso ao segundo andar pelo lado de fora. Essa talvez seja a imagem mais famosa de Montreal: as antigas casas de operários com suas escadinhas saindo diretamente na calçada. Agora, o centro da cidade é uma profusão de prédios modernos se mesclando aos prédios antigos e, bem ali, fica o campus da McGill University (ou como dizem os francófanos: Mêguil).
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Centro de Montreal visto do Campus da McGill |
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Foto: http://en.wikipedia.org/wiki/Montreal_Metro |
diferente de Berlim, as estações não possuem elevadores. Se por lá já era necessário colocar as pernas pra funcionar, aqui então, é pernas pra que te quero! Apenas quatro estações possuem elevadores, todos nas últimas estações da linha laranja.
Outra coisa que me surpreendeu foi o preço das coisas. Depois de morar em uma cidade relativamente barata, Montreal foi um susto. Não sei se eu esperava um padrão de preços no esquema Estados Unidos, ou seja, também barato, mas com certeza não esperava os valores que encontrei. E, lembrando, o preço mostrado no produto não é o total final, pois 15% de imposto incidem na hora do pagamento no caixa. Ah! E pra quem ama queijos, como eu, a diversidade dos queijos na Alemanha é de encher os olhos e manter o bolso quase intacto. Aqui, as opções são mais restritas, e os preços bem altos. Adeus camembert de forno!
Como uma cidade do "Novo Mundo", o apelo automobilístico é grande, e ciclovias são raras. No centro elas estão por toda parte, mas fora dali a coisa muda de figura. Não se vê tanto ciclista e raras pessoas usam suas bicicletas como meio de transporte diário como em Berlim. Isso era uma das coisas que eu mais gostava em terras germânicas: poder ir a todo lugar de bicicleta e me sentir segura sabendo que não iriam passar por cima de mim com um carro. Mas claro, lá a cultura ciclística é bem mais forte do que por essas bandas. Existem iniciativas de bicicletas de aluguel, como as do Itaú no Rio, na saída das estações de metrô mas falta a infraestrutura para tornar a bicicleta um real instrumento de transporte e não apenas de lazer.
Outra diferença gritante é o domingo. Isso mesmo: domingo! Enquanto em Berlim tudo fecha e não se tem nem supermercado aberto, por aqui tudo abre. Os montrealenses passeiam pelos parques, vão ao cinema, ao jardim botânico, mas também aproveitam o dia para compras. Nesse sentido é bastante parecido com as grandes cidades do Brasil.
Diferente do que acontece no norte da Europa, não se vê tanta gente atirada pelos gramados da cidade em dias de sol. Claro, sempre tem alguém lagarteando, mas no geral, não tantos como nos parques europeus. O local onde mais vi isso acontecer foi no campus da faculdade, onde as pessoas aproveitavam o intervalo entre as aulas pra se aquecerem um pouco ao sol enquanto o clima ainda permite.
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Foto: eng.wikipedia.org |
Uma das grandes sacadas de Montreal é a "cidade subterrânea": uma rede de passagens por debaixo dos prédios do centro interligando shoppings, galerias, teatros, prédios residenciais e escritórios, etc. Pra se ter uma idéia, a cidade subterrânea possui 32km, acesso à 7 estações de metrô, 2 estações de trem, uma rodoviária, e possui mais de 120 acessos pelo lado exterior. Para uma cidade onde os invernos
Ligação da Place-des-Arts com o metrô Foto: en.wikipedia.org |
No mais, Montreal é legal. As pessoas são simpáticas e prestativas, os serviços podem não apresentar a eficiência germânica, mas funcionam e atendem bem a população. A cidade é bem cuidada e arborizadas com vários parques para passear. O fato de abrigar quatro universidades de renome e vários "colleges" a torna uma cidade vibrante e com atrações para todos. Cafés se espalham em cada esquina e alguns funcionam 24 horas. Pra quem gosta desse tipo de programa, como eu, a cidade é excelente!
Sim, eu sei que não deveria ter comparado Montreal e Berlim, pois é como comparar alhos com bugalhos, mas é inevitável. Depois que estamos acostumados a viver de uma certa forma, é impossível não fazer comparações. Tento restringir as comparações ao que mais me surpreende, e, aos poucos, vou me adaptando à nova vida e deixando elas de lado.
E o desodorante roll-on? Só duas marcas oferecem 1 perfume nesse formato. Pois é... complicado.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Tschüß, Berlin!
Há exatos 368 dias cheguei em Berlim e hoje termino meus dias nessa cidade que me acolheu por um ano.
Não. Não sentirei saudade dos dias tristes, da dificuldade de fazer amigos, do peso emocional que me podou de diversas formas e em vários níveis. Também não sentirei falta da "bipolaridade" que afeta a população quando mudam as estações. Ou da obrigação que querem te impor de ir para a rua simplesmente porque faz sol.
Não. Não sentirei saudade das várias lágrimas derramadas e da dor que por meses afligiu meu coração e atormentou meus pensamentos. Também não sentirei falta da escuridão que tomou conta de mim e do peso que carreguei nos ombros por tanto tempo.
Choro. Choro por aquilo que gostaria que tivesse sido, que tivesse vivido, mas que não pôde ser.
Entendo os ciclos do universo e acredito que, assim como na natureza, também na vida, após o inverno vem a primavera. E meu solo interior está fértil para a chegada dela. Foi um longo e tenebroso inverno.
Sentirei saudades do silêncio da cidade, das folhas coloridas cobrindo as calçadas durante o outono, dos caminhos escorregadios cheios de "sorvete de flocos" no inverno. Sim, sentirei saudade da primavera. A primavera mais exuberante, colorida e perfumada que já conheci.
Sentirei saudade das tulipas que brotam nos lugares mais inesperados, dos dentes-de-leão que cobrem cada pedacinho verde de grama e a transformam em um tapete amarelo; das milhares de flores do campo das mais variadas cores e dos mais incríveis perfumes. Sentirei saudade das nuvens de sementes sendo levadas pelo vento e que passam pela gente deixando as roupas grudadas de sementes menos afortunadas que encontraram, ao invés de terra, algodão e lã para se fixarem. Das sacadinhas floridas. Do vento fresco ao cortar caminho de bicicleta pelos vários parques da cidade e dos inúmeros tons de verde das árvores, heras e arbustos que neles se encontram.
Sentirei saudade das tulipas que brotam nos lugares mais inesperados, dos dentes-de-leão que cobrem cada pedacinho verde de grama e a transformam em um tapete amarelo; das milhares de flores do campo das mais variadas cores e dos mais incríveis perfumes. Sentirei saudade das nuvens de sementes sendo levadas pelo vento e que passam pela gente deixando as roupas grudadas de sementes menos afortunadas que encontraram, ao invés de terra, algodão e lã para se fixarem. Das sacadinhas floridas. Do vento fresco ao cortar caminho de bicicleta pelos vários parques da cidade e dos inúmeros tons de verde das árvores, heras e arbustos que neles se encontram.

Sentirei saudade dos morangos doces, macios e perfumados que derretem na boca como pedacinhos do paraíso. Das framboesas e sua medida exata entre o doce e o azedinho. Das cerejas gigantes, escuras e deliciosas. Dos "pêssegos achatados" e cheirosos.
Mas o que Berlim me trouxe de mais importante e especial, foi a oportunidade de passar dias incríveis ao lado de pessoas mais que importantes.
Mas o que Berlim me trouxe de mais importante e especial, foi a oportunidade de passar dias incríveis ao lado de pessoas mais que importantes.
Berlim proporcionou um reencontro histórico com duas pessoas que têm lugar cativo no meu coração.
Foi por estar aqui que minha mãe superou coisas extremamente difíceis para ela e veio até a antiga "cidade dividida" resgatar sua metade alemã.
Recebi muito mais visitas do meu pai do que esperava.
Aqui recebi uma amiga muito querida que me deu o prazer de vê-la algumas vezes.
Tive o privilégio de apresentar a cidade para a sobrinha-afilhada mais incrível que alguém poderia pedir aos céus.
Assim, termino mais um ciclo da vida e que dele fiquem apenas os bons momentos. Graças à natureza e à incrível sorte que tenho em ter pessoas tão maravilhosas em minha vida, levarei essas lembranças comigo e, quando pensar no tempo que por aqui passei, são elas que virão à memória. Pois, estas fotografias do coração, são as que realmente valem a pena. E é hora de um novo capítulo.
sábado, 3 de agosto de 2013
Um dia no Mar Báltico
Ontem fui, pela primeira vez, em uma praia alemã. Já estive em outras praias na Europa, mas apenas visitando rapidinho já que sempre venho para cá no inverno; mas nunca havia realmente visto como funcionam as coisas durante o verão e, confesso, achei engraçado.

Na Alemanha as pessoas lidam de uma forma diferente com o corpo. Na minha opinião, uma forma muito mais saudável. Um corpo é um corpo e só, mostrá-lo não significa nada, e eles lidam muito bem com o nu. Por aqui, especialmente no antigo lado oriental, é muito comum que as praias tenham o aviso "FKK" na entrada. "FKK" significa "Freikörperkultur", na tradução literal: cultura do corpo livre, ou, como se diz no Brasil, nudismo. Mas diferente do que acontece no hemisfério sul, aqui as praias "FKK" não são isoladas, são praias onde todos vão independente de praticarem ou não o nudismo. Embora eu acredite que seja muito saudável lidar com o corpo dessa forma, pessoalmente não consigo ficar nua em público e, confesso, é estranho mergulhar e, ao sair da água, dar de cara com uma pessoa pelada na sua frente. Mas a naturalidade com que os alemães lidam com isso faz com que fiquemos confortáveis com a situação. Diferente do que ocorre no litoral brasileiro, por aqui as praias não são local de paquera. Talvez por isso, essa relação com o corpo seja ainda mais livre e feliz. Crianças, jovens e velhos, com ou sem roupa de banho, se espalham pela areia da praia.

Outra coisa bastante curiosa pra quem está acostumada à água de coco, Mate Leão, Biscoito Globo, empadas e toda uma série de produtos alimentícios (e não alimentícios) sendo vendidos na praia não é o fato de não existirem vendedores ambulantes na areia porque sabemos que essa é uma característica das praias brasileiras e, principalmente, cariocas; mas o fato de estarmos na Alemanha e não ver quase ninguém bebendo cerveja. Eu imaginava que o pessoal aproveitava a praia para beber cerveja, se bem que por aqui, eles não precisam de desculpa pra isso. Mas durante o dia inteiro, vi apenas um cara bebendo cerveja. Em sua maioria, vi crianças comendo picolé (até aí, tudo bem) e pessoas bebendo café. É isso mesmo: café na praia! Nos trailers onde se alugam os guarda-sóis, cerquinhas, barracas e "cestas de praia", existe máquina de café. Que tal um cappuccino sob o sol? Ou então, um Late Macchiato acompanhado de Currywurst (salsicha com molho curry)?
Se alguém disser que alemães não vão à praia porque não possuem boas praias, posso dizer que não é verdade. As praias alemãs são belas. Só precisamos aprender a admirar a beleza de uma geografia diferente da nossa, mas nem por isso menos ou mais bonita. Elas são lindas e os alemães as aproveitam muito. Do jeito deles, da maneira como lidam com tudo que envolve uma ida à praia, eles sabem aproveitá-las muito bem. Foi uma experiência muito interessante, divertida, educativa e, acima de tudo, tranquila.
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