segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ano Novo

     Há alguns dias a professora nos contou que os alemães adoram fogos de artifício. Realmente, algumas semanas antes do Natal vários cartazes de vendas dos tais fogos começaram a proliferar pela cidade. Em cores extravagantes, dos mais diversos formatos, pendurados em árvores e sacadas, lá estavam eles avisando que, naquele local, era possível comprar Feuerwerk. Mas nada me preparou para o que vi pelas ruas.
Foto retirada de http://blog.housetrip.com/new-years-eve-in-europe/
     A "fogueteação" começou às 19hs. Claro que não com tanta intensidade, mas o barulho estava lá, constante até a meia-noite. Decidi não ir para lugares onde a multidão estaria, como o Portão de Brandemburgo ou a Alexanderplatz, mas ficar em casa. No que o relógio virou o último minuto, bem nessa hora, saí para encontrar uma amiga na praça que fica há três quadras da minha casa. Nunca havia sentido medo nas ruas da cidade, mas hoje, me assustei até não poder mais. As ruas parecem um campo de guerra. Você pisa em cartuchos e caixas de fogos a cada passo. Absolutamente todo mundo vai para a calçada e solta seu arsenal particular. E não são "estalinhos", são realmente fogos de artifício daqueles que estouram no céu colorindo tudo e fazendo sons estranhos. São famílias inteiras, grupos de amigos, pessoas sozinhas: todos com suas bombinhas. Não se consegue dar um passo sem levar um susto, sem ter que se proteger de algum fogo vindo na sua direção, e sem pensar que sua audição nunca mais será a mesma. Lágrimas escorrem dos olhos com a quantidade de fumaça que enche as ruas. E se você pensa que isso dura uns 10 minutinhos, está muito enganado! A "fogueteação" braba dura 1 hora!!!!!!!! (Contado no relógio! Sério!)

     A volta para casa foi complicada, pois não sabia se deveria andar pela calçada ou no meio da rua, não sabia de que direção me proteger porque, durante toda a caminhada, me via cercada de fogos vindo de todos os lados. Cheguei em casa com os ombros nas orelhas e os olhos arregalados. Nunca pensei em ver Berlim sob uma nuvem cinza de fumaça e estouros sem fim. Já não sou muito fã do ano novo desde criança, mas nunca tive uma sensação tão estranha quanto hoje. Não sei se é o peso da história da cidade, mas à noite, no meio da fumaça, com cacos de vidro, cartuchos e caixas de fogos, sujeira para todo lado, parecia que uma luta tinha acontecido por aqui. Fiquei com uma sensação pesada. Prometi que voltaria para encontrar o pessoal num bar, mas acho que a coragem ficou no bolso.

* Esse vídeo é da virada de 2011/2012 e não foi filmado no meu bairro, mas é assim pela cidade toda. Acho que dá pra ter uma noção do caos. (Deixem chegar aos 40 segundos para ver as ruas.) Fogos de Ano Novo em Berlim (2011/2012)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Expectativas

     O que faz com que uma pessoa sinta orgulho de outra?
     Faz algum tempo que certos pensamentos andam rondando a minha mente. Não sei se bons ou ruins, construtivos ou destrutivos, ou se apenas dúvidas normais de qualquer ser humano. Já que ninguém fala sobre isso, como saber?
    Desde que nascemos temos uma expectativa gerada em cima de nós e, conforme crescemos, criamos nossas próprias expectativas (sobre nossas vidas e sobre outras pessoas) e tentamos superá-las ou, ao menos, satisfazê-las. Algumas pessoas parecem não ter vida própria e seguem todo o manual de instruções que receberam de seus pais desde seu nascimento sem nunca expressar suas próprias vontades e desejos. Alguns até confundem essas expectativas externas com seus desejos íntimos. Outros vivem para não cumprir nada daquilo que lhes foi planejado, vivem para desafiar tais expectativas. E outros, acredito que a maioria, vivem meio lá e meio cá tentando satisfazer as expectativas e sonhos alheios e próprios. Esses últimos, coitados, penam.
     Acho que me encaixo no último grupo. Sei que, como todos os pais e mães da Terra, os meus também criaram suas respectivas expectativas em cima de mim sobre o tipo de vida que eu teria, a carreira que escolheria, etc. Sinceramente, acho que frustrei todas. Há dentro de mim dois seres diferentes que brigam e não parecem se entender. Um gostaria de viver nos anos 50 e apenas cuidar da casa e dos filhos, seguir aquilo que a sociedade espera e encontrar a felicidade nas coisas simples trazidas pelo manual de instruções sociais. O outro tem horror às coisas simples demais, não consegue se satisfazer com pouco, não segue várias regras impostas pela sociedade e nunca faz o que se espera dele. Viver com essa dicotomia dentro é complicado. Bem complicado.
     Meu lado tradicional adora cozinhar (de preferência coisas doces, difíceis e belas, como de confeitaria), bordar, cuidar da casa, acha lindo romance tradicional daqueles de receber flores e chocolates, casas com jardim onde crianças e gatinhos brincam no quintal, famílias e comemorações de Natal com tudo que tem direito. O outro lado é mais impaciente, não consegue trabalhar ou fazer nada que não proporcione o mínimo de prazer, não acha seu lugar no mundo, vai para onde o vento soprar, não se encaixa na definição social de família, não se encaixa em nada daquilo que é esperado de uma pessoa do sexo feminino com exceção do gosto por maquiagem, vestidos e saltos.
     Na verdade, ambos os lados adorariam ter um trabalho que desse uma boa renda e que fosse agradável; ambos gostariam de ter uma casa com gatinhos e crianças correndo no quintal. Mas a realidade às vezes bate e me pergunto o que será que meus pais pensam de mim? Ao que tudo indica eu não sou um exemplo de filha. Não sou daquelas que dão orgulho aos pais: não casei, não tenho filhos, não me sustento (não chego nem perto disso!), não encontro meu lugar no mundo, tenho menos rumo hoje do que tinha na adolescência e muito mais frustrações, não consigo realizar nenhum dos meus sonhos mais importantes, já passei dos 30 e não tenho a mínima perspectiva de conseguir realizar o mais simples dos meus sonhos: uma casinha com jardim e uma pequerrucha a tiracolo. Fico imaginando o que eles devem pensar e sentir... Queria enche-los de felicidade, cumprir pelo menos alguns dos sonhos deles, ser motivo de orgulho, mas não sei ser de outra forma.
     Às vezes acho que nado contra a correnteza, outras que a correnteza me leva sem que eu tenha nenhum controle sobre a direção. Cada ano que passa é mais um peso sobre os ombros, mais cobrança interna e mais frustração. Dizem que a vida tem um plano pra nós e não adianta ir contra ele. Será? Que plano será esse que até agora não parece se mostrar? E mais expectativa se cria, dessa vez sobre a vida.
     Difícil questão essa das expectativas.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal na sua própria companhia

     Quem me conhece sabe que eu adoro o Natal tradicional, ou seja, aquele com a casa toda decorada (como nos filmes!), delícias especiais feitas para a ocasião, pinheirinho enfeitado, "Noite Feliz" como trilha sonora, presentes abertos à meia-noite, etc. Tudo conforme manda o figurino. Ainda sonho com um Natal desses e, de preferência, com a paisagem branquinha do lado de fora da janela enquanto todos estão aquecidos dentro. Isso aí mesmo que você deve estar pensando: Natal cinematográfico. E qual o problema em gostar e querer um assim?
     Esse foi meu primeiro Natal longe da minha família e amigos. Em 35 anos de vida, nunca antes havia passado o feriado longe da minha mãe. Confesso que a saudade encheu o coração nesse dia 24, mas também que não foi um Natal ruim. Quem imagina que esse teria sido um dia solitário, sinto dizer, se enganou. Não é por estar longe que vou deixar de comemorar uma data que gosto tanto. Decorei a casa, inventei um pinheirinho, coloquei luzinhas nas janelas, cozinhei coisinhas especiais (e típicas, no caso da Eggnog), e coloquei comidinha especial para a "ceia" dos filhotes. Por volta das 21:30 fiz minha ceia, sempre acompanhada pelo ronronar de duas bolinhas de pelo adormecidas. Assisti uma comédia romântica (claro!), dei boas risadas. Depois, acendi as velinhas na janela e desejei felicidade e paz para o mundo todo. Pouco antes da meia-noite, coloquei os presentes em cima do tapete e sentei em frente a eles. Comecei a cantar "Noite Feliz" pensando em cada um dos meus queridos lá do outro lado do Atlântico. Nessa hora, o Petruchio e a Sophia acordaram, vieram para o meu lado e ficaram me observando. Terminei a música, desejei feliz Natal pra eles e pra todo mundo nos meus pensamentos e abri os presentinhos que esperavam há dias por esse momento.
     Assisti mais um filminho leve e fofo pra aquecer ainda mais o coração e me preparei pra dormir. Apaguei as velinhas, não sem antes a Sophia queimar os bigodes tentando cheirá-las, e mais uma vez mandei um abraço pra todo mundo que mora no meu coração e fui dormir.
     Meu primeiro Natal com os filhotes e longe do pessoal foi tranquilo, cheio de boas energias, paz e uma imensa sensação de amor recebida e emanada. Foi um belo Natal.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

E-mails... Quem nunca?

     Hoje eu iria escrever sobre os mercados natalinos da Alemanha, mas recebi um e-mail que achei valer a pena ser copiado aqui.
     Quem não está cansado de receber aquelas correntes infelizes que dizem que se você não reenviá-la a sabe-se lá quantos amigos, seus desejos não serão realizados ou algo terrível irá lhe acontecer? Quem nunca recebeu vários pps sobre bactérias, vírus e afins. E-mails esses que só ajudam a deixar os impressionáveis mais impressionados e os hipocondríacos mais nervosos? E aqueles e-mails de santinhos, anjinhos, fadinhas e outros seres etéreos?
   Então, para todos que compartilham comigo desse sentimento, copio aqui o último e-mail que recebi. Afinal, quem nunca?

"Eu não abro mais a porta do banheiro sem usar uma toalha de papel nas mãos; não bebo mais refrigerante com rodelas de limão ou laranja sem me preocupar com as milhares de bactérias na casca;

Eu não consigo mais usar o controle remoto
em quartos de hotel porque não sei o que a última pessoa estava fazendo enquanto navegava nos canais adultos;

Eu tenho dificuldade em apertar a mão de alguém
que estava dirigindo porque o passatempo predileto de alguém dirigindo é escarafunchar o nariz;

Eu não consigo pegar numa bolsa de mulher
com medo que ela a tenha colocado no chão de um banheiro público;

Eu tenho que mandar um agradecimento especial
para quem me mandou uma mensagem falando do cocô de rato na cola de envelopes porque agora eu uso uma esponja úmida para cada envelope que precisa ser selado.. Pela mesma razão, escovo vigorosamente cada latinha antes de abri-la;

Eu não tenho mais economias
porque dei para uma menina doente (Penny Brown) que está para morrer pela 1.387.258 vez.

Eu não tenho mais dinheiro
, mas isto vai mudar quando eu receber os 15.000 dólares que o Bill Gates/Microsoft e AOL vão me mandar por participar no programa especial de e-mail.

Eu não me preocupo mais com minha alma
porque eu tenho 363.214 anjos olhando por mim, e a novena de Santa Theresa atendeu a todos os meus desejos.

Eu não posso mais beber um drink
num bar porque posso acordar numa banheira cheia de gelo sem meus rins.

Eu não posso mais usar desodorantes,
cancerígenos, mesmo fedendo como um búfalo num dia quente.

GRAÇAS A VOCÊS
aprendi que minhas preces só serão atendidas se eu enviar um email para 7 dos meus amigos e fizer um desejo em 5 minutos.

GRAÇAS À SUA PREOCUPAÇÃO
eu não bebo mais Coca Cola porque ela é capaz de remover manchas em privadas.

Eu não abasteço mais o carro
sem ter alguém vigiando o carro para que um serial killer não entre no banco de trás enquanto eu estou abastecendo.

Eu não bebo mais Pepsi ou Fanta
porque as pessoas que produzem esses produtos são ateístas e se recusaram a colocar nas latinhas "Feito por Deus".

E OBRIGADO POR ME AVISAR
que eu não posso esquentar um copo de água no micro-ondas porque pode estourar na minha cara.... e me desfigurar para a vida inteira.

Eu não vou mais ao cinema
porque me disseram que eu posso ser picado por um alfinete infectado com AIDS, quando eu sentar.

Eu não vou mais a shopping centers
porque alguém pode me drogar com uma amostra de perfume e me roubar.

Eu não recebo mais pacotes da UPS ou FedEx
porque na realidade os entregadores são agentes disfarçados da Al Qaeda.

E eu não atendo mais telefones
porque alguém vai me pedir que disque um número pelo qual eu vou receber uma conta com chamadas para a Jamaica, Uganda, Singapura e Uzbekistan.

GRAÇAS A VOCÊ
eu não uso outra privada que não a minha porque uma enorme cobra preta pode estar escondida dentro da privada e me matar, instantaneamente, quando picar minha bunda.

E
, GRAÇAS AO SEU ÓTIMO CONSELHO eu não me abaixo mais para pegar uma moeda caída no chão do estacionamento porque provavelmente foi colocada lá por um tarado sexual que estará esperando prá me agarrar por trás quando eu me abaixar...

Eu não dirijo mais meu carro
porque comprando gasolina de algumas empresas, estou apoiando a Al Qaeda e se comprar das outras companhias, estou apoiando os ditadores sul-americanos.

Eu não mexo mais no meu jardim
porque tenho medo de ser picado pela aranha madeira e minha mão vai cair.

Ah... E estou guardando a escova de dentes
no meu quarto, por causa das bactérias do banheiro. E a última é que o filtro solar engorda; não sei como vou me salvar neste verão mas já estou me orientando para sobreviver!

Se você não mandar este e-mail para pelo menos 144.000 pessoas nos próximos 70 minutos, uma pomba grande, com diarreia, vai pousar em sua cabeça às 17:00horas, amanhã, e as moscas de 120 camelos vão infestar suas costas, causando o crescimento de uma enorme corcunda cabeluda. Eu sei que isto vai acontecer porque aconteceu com a cabelereira da melhor amiga do segundo marido da prima da sogra da minha vizinha....Ah, e a propósito...

Um cientista alemão da Argentina descobriu, após um longo estudo, que pessoas com pouca atividade cerebral leem seus emails com a mão sobre o mouse.


Não se preocupe em tirá-la. É tarde demais!
"

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Preciosas companhias

     Há milhares de anos o ser humano possui como companhia outros animaizinhos desse mundo. Há milhares de anos eles fazem a alegria de adultos e crianças. Não é de se admirar que há anos os terapeutas os indicam como ajuda para depressão, solidão, entre outras coisinhas chatas e difíceis que às vezes aparecem na vida.
     Minhas companhias são minhas jóias. Presentinhos que a vida me trouxe e que, mesmo nos momentos mais difíceis, conseguem extrair sorrisos e felicidade. Adoro ir para a cama e ouvir seus barulhinhos durante a noite. Adoro ouvir o som do ronquinho gostoso que fazem quando estão dormindo profundamente e ver seus tremeliques quando estão sonhando. Quando vou pra cama e sinto eles subindo na cama e encostando em mim pra dormir, o coração aquece e imediatamente o sorriso aparece em meu rosto.
     Tem coisa mais gostosa que chegar em casa e encontrar essas bolinhas peludas felizes por te ver? Tem coisa mais gostosa que o carinho que eles demonstram? A capacidade de amor desses bichinhos extrapola qualquer tentativa de medição.
     Uma vez li uma reportagem que dizia que gatos e cachorros possuem capacidades cerebrais como as de uma criança entre 3 e 4 anos. A reportagem se referia ao fato de eles não serem autosuficientes e à sua memória. Assim como acontece com uma criança pequena, não adianta brigar com eles quando encontramos uma certa "baguncinha" pela casa horas depois de ela ter sido feita, pois eles não associam a briga à bagunça. Achei muito interessante a reportagem, mas sempre fico me perguntando o porquê de nós humanos estarmos sempre querendo comparar os outros animais conosco. Quem convive com eles sabe muito bem o quão inteligente, carinhosos e amorosos eles são.

     Outra coisa que não consigo entender são as pessoas que se "desfazem" de seus bichinhos quando estão grávidas. Estamos no século XXI e já sabemos muito bem que isso não é necessário. Os próprios veterinários não concordam com essa medida. Claro que os animaizinhos têm que estar saudáveis e ser bem cuidados, mas isso nós também precisamos. Ainda bem que a consciência em relação a isso está aumentando, mas os gatos, especialmente, ainda são os que mais sofrem com o preconceito e a falta de informação à cerca de gravidez acompanhada da presença deles. Conheço pessoas e veterinários incríveis que mantiveram e continuam a manter seus bichinhos perto de si e de seus novos bebês. Todos felizes e as crianças crescendo saudáveis e aprendendo a respeitar e amar os animais.
     Bichinhos são como crianças, a gente os ama, educa, cria, mas não manda embora quando nos é conveniente ou os deixa para trás. Assim como filhos, eles são para sempre! E, na minha vida, eles têm papel fundamental. Amo meus filhotinhos loucamente e sinto falta deles a cada hora longe. Ainda bem que, ao chegar em casa, eles estão lá, com seus olhinhos amarelos esperando ansiosamente para continuar a oferecer todo amor que sentem.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Qual o seu lugar no mundo?

     Como todos que me conhecem sabem, eu adoro viajar! Colocar uma mochila nas costas e rodar o mundo! Tem coisa mais interessante que conhecer outras culturas? Acho que devo ter resquícios nômades em meus genes. Ficar tempo demais no mesmo lugar não me agrada. Gosto de sair por aí e tentar novas experiências. Às vezes melhores, outras piores, mas sempre enriquecedoras, elas nos fazem crescer e nos tornarmos pessoas melhores. Por isso, quis compartilhar algo que Amyr Klink uma vez falou e com que me identifico a cada dia mais.
     Conhecido por suas façanhas marítimas ao redor do globo, por passar semanas preso no gelo, por viver na casa que foi de seu avô, nosso querido aventureiro, Amyr Klink, é uma das pessoas que me inspira. Suas viagens e histórias que delas brotam são incríveis. Um cara eco-consciente que tenta fazer a sua parte por um mundo melhor. Precisamos de mais pessoas assim no planeta, não?

     "Um homem precisa viajar, por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou televisão. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés para entender o que é seu, pra um dia plantar suas próprias árvores e dár-lhes valor; conhecer o frio para desfrutar do calor, e o oposto; sentir a distância, o desabrigo, para estar bem sob o próprio teto.
     Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância de fazer o mundo como imaginamos e não simplesmente como é, o que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos e simplesmente ver." (Amyr Klink)

     Talvez um dia eu canse de viajar por tanto tempo e resolva ficar no mesmo lugar, saindo apenas por curtos períodos. Mas, por enquanto, ainda sinto que não encontrei meu lugar no mundo. Estranho pensar nisso. Vejo meus amigos casados, trabalhando, com famílias formadas. Existe uma pressão social, uma certa idéia de que se tem idade para se perder pelo mundo e que eu já passei dessa idade. Não acredito nisso, não me sinto assim. Estabilidade, casa, família, tudo lindo. Sei que quero isso também, sei que o tempo não está a meu favor, mas como conseguir todas essas coisas se ainda não encontrei meu cantinho nesse mundão? Um dia sei que vou encontrar o lugar que me fará pensar e sentir "quero ficar aqui para sempre" mas, por enquanto, ainda não cheguei lá. Será que está na hora de viajar de novo?