Algumas semanas atrás comecei a notar diferenças na paisagem de Montreal. Eram as pessoas se preparando para a neve que, inevitavelmente, chegaria em algum momento. Não presenciei isso em Berlim. Talvez porque a incidência de neve ser menor, mas o fato é que a única diferença que vi por lá foi o pessoal trocando os pneus por pneus de inverno, e fontes serem cobertas por tapumes de madeira. Aqui em Montreal é diferente.


Um dia, caminhando pela rua, percebi que uma casa tinha um toldo branco saindo da garagem. Achei estranho. No fim de semana seguinte, quase todas as casas e prédios tinham esses mesmos toldos. E o mais engraçado são os apartamentos subterrâneos: a entrada do apartamento é cercada de toldo por todos os lados e parece que se está entrando em um cenário de filmes como "Epidemia". Plantas são protegidas, escadas ganham piso de borracha, corrimãos e pisos das varandas são trocados e, onde antes não existiam, colocados.


Até agora não vi diferença no comportamento dos montrealenses simplesmente porque a estação mudou, como acontece em Berlim. Por aqui, não existe bipolaridade sazonal. Continuo vendo sorrisos pela rua, pessoas felizes arrumando jardins, portas e janelas para o Natal e crianças se atirando em todo e qualquer morrinho de neve que aparece no caminho. Vizinhos se cumprimentam, brincam, dão gargalhadas e dividem café enquanto retiram a neve da frente de suas casas. Na rua, pedestres se entreolham e riem uns para os outros pelo fato de estarem só com o rosto descoberto. Desconhecidos passam e falam com um sorriso no rosto: "froid, huh?". E eu? Simplesmente amando tudo isso.
Aqui o inverno ainda não chegou... e o humor dos alemães continua razoável. Mas acho que meu inverno será bem melhor... estou mais enturmada e não entocada como no ano passado!
ResponderExcluir"Sou uma buscadora. Viajei o mundo inteiro. Busco outras culturas. Fiz de tudo um pouco, tentando encontrar uma verdade. Os achados da jornada se tornam ferramentas para os enredos e histórias que compartilho no teatro e nos livros. Como em qualquer trajetória, os aprendizados surgem não somente pelas conquistas, mas, igualmente pelas adversidades. Não me interessa dissecar todas essas camadas, máscaras, entraves... é tão difícil o relacionamento com as pessoas. Em geral, elas são muito desinteressantes. Vivem de "faz de conta". Eu quero gente de verdade." Maitê Proença em entrevista pro Correio Braziliense. Está com 55 anos e começou com teatro em Paris quando nascestes.
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