Você já assistiu Friends? Aquele episódio em que a Monica diz "Eu não tenho um plano. Phoebe, você tem um plano?" e ela responde "Eu não tenho nem um pl...". Eu sou a Phoebe.
As coisas mudaram, me mudei para o exterior, a vida parecia finalmente estar se abrindo. Meus filhos chegaram, o que é o maior presente de todos, mesmo que às vezes seja desafiador. A pandemia se instalou. Fiquei presa no exterior por quase dois anos com gêmeos de dois meses. Perdi meu pai para uma doença terrível que o levou de nossas vidas antes mesmo de ele partir fisicamente. A pressão do trabalho continuou durante todo esse período. Então, meu pai realmente se foi. Eu desmoronei. Não conseguia fazer nada direito. Eu não simplesmente não estava funcionando.
Sozinha com meus filhos, então com 23 meses, fiz o possível para dar conta do trabalho, da vida, da casa, de tudo, mas a única coisa que fazia bem era cuidar as crianças. Eu estava esgotada.Decidi concentrar toda a minha atenção nos meus filhos e me recuperar. Trabalhei duro para sair daquele lugar "fedorento" de ansiedade, depressão e esgotamento para estar aqui, presente, viva, feliz pelos meus filhos e por mim mesma.
Consegui me reerguer e voltar a ser a pessoa feliz que eu era, tinha chegado a hora de voltar ao mercado de trabalho. Imaginei que, com minha experiência profissional, formação, qualificações e recomendações, conseguiria encontrar um emprego relativamente rápido. Agora vejo como fui ingênua.
Minha ingenuidade não se baseava no mercado de trabalho em si, mas nas recomendações. Se eu digo a alguém que pode me indicar, é porque realmente acredito nessa pessoa, o que significa que eu definitivamente lhe daria uma chance se estivesse em posição de fazê-lo. No entanto, as coisas não aconteceram dessa forma. Aqueles que poderiam ter aberto uma porta, não abriram.
Frustração, essa é a palavra que me define. Não sei onde as coisas deram errado, nem o porquê de estar nessa situação há tanto tempo. Sou instruída, capaz, inteligente, trabalhadora, sempre aberta a aprender (e aprendo rápido, diga-se de passagem). Mesmo assim, as portas continuam fechadas.
Nunca tive um plano de longo prazo para minha vida, mas também nunca imaginei estar desempregada perto dos 50. Fiz tudo o que se espera de alguém no século XXI: adaptações de currículo, feiras de emprego, networking, inteligência artificial, diversificação de área, certificações, agências de recrutamento, tudo o que você possa imaginar.
Cheguei a um ponto em que preciso me reinventar, seja lá o que isso signifique. Só não tenho ideia de como, nem para onde correr. Tudo o que tentei até agora falhou. Me sinto completamente perdida e não posso me dar ao luxo de continuar assim com duas crianças de 6 anos para cuidar.
Acho que preciso de um milagre. Se é que isso existe...
Para aqueles que poderiam ter me dado uma chance e escolheram não dar, desejo que vocês nunca passem pela situação em que me encontro, mas se passarem, espero que também sejam rejeitados por aqueles em quem vocês confiaram. Sim, a raiva existe ao lado da frustração, afinal, sou humana.
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